Me sinto apática, pálida, sem sabor.
Uma sensação estranha que entorpece as vontades, que projeta um exemplo pobre de bibêlo.
O calor que abrasa a pele não toca o âmago de gelo, dominado e possuido pela apatia.
Não há mais vida naquilo que pulsa sereno no peito, cada vez mais devagar, rendendo-se a verdade regente imposta pela apatia.
E a pulsação apática espalha o torpor e o pedido de entrega pelas veias, matando dolorosamente cada uma das qualidades.
O rosto não mais me pertence, não mais expressa a dor da morte viva que atinge o ser.
É apenas uma pelicula porcelanada que recobre a face da boneca imperfeita. Sem sorriso ou choro.
Chorar não resolve mais, por mais que chore.
A necessidade de ajuda não existe mais.
Nenhum ato solidário pode modificar o interior lastimável.
O tempo de coma acabou.
Talvez agora alguém perceba que a apatia já dominou o rosto, modelou a voz, obscureceu o olhar.
Ainda assim, será tarde.
A morte viva é inevitável quando o corpo cansa de lutar, quando a mente cansa de resistir.
E cada vez mais, gradualmente durante todo esse tempo, eu me sinto morta.
Desânimo, desespero, desapego.
Torpor.
Puro e dominante.
E a sensação de ser invisivel.
As palavras são fortes e resistem a apatia. Não se deixam domar, fogem, se escondem.
Onde eu não posso ver, onde eu não as posso usar. E tendo elas sido as minhas mais constantes companias, não tê-las dói mais do que qualquer outra dor.
Eu estou me perdendo.
E é grande o pesar por adimitir isso.
Admitir o erro de se deixar perder.
Desistir de si mesmo.
A minha essência se esvaiu aos poucos, levando a verdade e a força que me impulsionava.
E o que fica é a sensaçãode perda.
Estou em busca de palavras e sentimentos, numa planicie clara e vazia onde não existe lugar pra se abrigar, onde a tempestade sufocate irá atingir o rosto.
Rosto inexpressivo como uma tela em branco, emoldurada por uma vastidão negra de fios revoltos.
O que eu me tornei?
A sombra do que jamais fui?
E tudo aquilo que quis, ainda existe?
Como eu falei, as palavras fogem, as idéias somem e a qualidade se apaga.
Eu só queria voltar a querer.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Apatia
Postado por Moünna às 12:07
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4 comentários:
Eu leio até as tuas palavras fugitivas.
Impressionante é saber que ainda existem pessoas que escrevem com a alma.
E que as palavras sempre se encaixam pra alguém em algum lugar do mundo.
Adorei oq escrevestes.
Minha cara.
Minha alma.
Palavras de um EU existente.
parabéns!
Que lindoooo Mounna!
essa veia xexeleeeenta!! (L)
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