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domingo, 5 de junho de 2011

Sarjeta



Sensível vejo-me ao espelho

Me toco, me sinto e estremeço
Bela com um sorriso não usual
Terrível como um publico tropeço.

Oculto o rosto, indesejado véu
Exponho o corpo ao teu sexo cruel
Vivo a dor, adocicada como mel
Na sarjeta úmida, me desfaço feito papel.

Aceito ouro pelo rude aluguel
Da minha humanidade
Meu simbólico féu
Sorvido sem fôlegos e com brutalidade

O destino se esmiúça
Meu balé impar se descortina
Em meus olhos aviva e aguça
A canção triste que soa sem rima.

E a mim mesma me vejo na luta
Moldada em aço
Criada em pedra bruta
Pelo torpe sabor do que faço.

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